O Espelho dos Sonhos
Era sábado de manhã, a família Stronde tinha herdado muitas terras do bisavô da Ana. A Ana era a mãe do João e da Joana Stronde e era casada com o André Stronde. A família ia agora mudar-se para uma das terras onde havia uma mansão muito misteriosa. O João e a Joana estavam ansiosos por chegar, a ideia de morar numa mansão misteriosa não lhes saía da cabeça.
Assim que chegaram ficaram parados imóveis a olhar para a casa. A Joana estava a ficar com medo porque a casa parecia daquelas dos filmes de terror, uma mansão assombrada. O João, mais excitado do que nunca quis, entrar na casa, mas o portão estava todo ferrugento e não o conseguiam abrir. Até que, misteriosamente, o portão se abre. Entram todos em conjunto para dentro de casa. Ao fundo da primeira galeria vê-se um espelho antiquíssimo coberto de poeira. A Joana que é muito vaidosa corre em direcção ao espelho para onde fica a olhar misteriosamente. Ela adorava enigmas e reparou que no espelho, para além de poeira, havia também areia, musgo e restos de flores mortas. Lá bem no final do espelho viam-se lágrimas secas. Nessa noite, Joana não dormia a pensar no espelho, como era possível que num espelho houvessem coisas que só se podem encontrar em lugares muito diferentes.
Na manhã seguinte, Joana foi logo ver o espelho, mas desta vez chamou o seu irmão que também achou muito estranho o sucedido. Então, decidiram que iriam desvendar este mistério. Mas, antes que tivessem tempo de dizer algo foram almoçar.
Assim que acabou o almoço, os dois irmãos correram em direcção ao quarto onde fizeram uma lista: Areia – praia; Musgo – zonas húmidas; Flores – campos. Nesse momento chegaram à conclusão que o espelho tinha estado em muito lugares diferentes e como ninguém conseguia levar sozinho um espelho tão pesado para uma praia ou para o campo, o espelho tinha de se transportar sozinho.
No dia seguinte, enquanto estavam a ver a casa descobriram um papel escrito pelo antigo dono da casa que dizia uma frase
De manhã quando acordaram a sua mãe chamou-os para irem tomar o pequeno-almoço. Estavam desiludidos por não ter acontecido nada. Durante o pequeno-almoço a mãe deles estava a folhear um álbum de fotografias, a Joana pediu para ver e a mãe mostrou-lhe. Quando ia começar a ver o álbum, um carro apita na rua. Joana espreita pela janela para ver quem é e, fica espantada quando vê o Ferrari do André, o rapaz de quem ela gosta, à porta no jardim. Joana não pensa, abre a porta e é recebida com um olá carinhoso. Não era possível o que estava a acontecer. Ontem, em vez de ir a casa dela e tratá-la bem, tinha gozado com ela por ser a mais nova da turma. Algo estava mal e Joana não sabia o que era.
André convidou-a para ir com ele para a escola e ela aceitou. Assim que chegou à escola a sua pior inimiga, a Marisa, em vez de a tratar mal, agia como se fossem as melhores amigas há muitos anos. Resumidamente, era tudo com que ela tinha sempre sonhado.
Assim que chegou a casa, foi logo contar ao irmão o seu dia. Ele também lhe contou o dele que também tinha sido esquisito, mas de sonho. O João por acaso, durante a conversa, disse:
- Para isto ser um sonho só faltava eu ser a grande estrela de futebol na escola. – No mesmo instante, o seu pai chega com um jornal que dizia: “Escola Nova Geração ganha o campeonato inter escolas graças à estrela da equipa – João Stronde.” – Eles nem queriam acreditar que os seus grandes desejos se tinham concretizado. Então o João disse:
- Joana diz outro dos teus grandes sonhos.
- Porquê? – Perguntou ela.
- Diz.
- Está bem. Sempre pensei em viajar muito e ter um álbum cheio de fotos das minhas viagens.
- É isso, – disse o João – o álbum que a mãe tinha hoje de manhã. Deve ter as fotos com que sempre sonhaste. – Quando foram ver o álbum as suas suspeitas confirmaram-se. O álbum só tinha viagens feitas pela Joana. Ambos estavam iludidos, porque os seus sonhos se tinham realizado.
No dia seguinte estava tudo na mesma. Joana e João estavam a ficar preocupados. Como era possível, todos os seus desejos se terem realizado? Então lembraram-se do espelho e disseram:
- Talvez tenha a ver com o espelho! – E João sugeriu que relessem a mensagem. Depois de relerem a Joana disse:
- É claro! Se o espelho nos vai levar onde gostamos de estar, onde nos leva? – O João respondeu:
- Aos sonhos. Já tudo faz sentido.
- Não. Não faz tudo sentido. Se o espelho nos leva aos nossos sonhos, porquê as lágrimas no fundo do espelho. – João ainda não tinha pensado nisso.
Passou uma semana e quase todos os seus desejos se tinham realizado. João e Joana já não queriam voltar ao mundo real, mas sabiam que algum dia teriam de o fazer. Joana já não gostava muito do mundo dos sonhos, porque descobriu que alguns dos seus desejos se fossem realizados iriam magoar muitas pessoas. Uma tarde ela e o irmão fartaram-se e decidiram arranjar uma maneira de sair daquele mundo. Eles fartaram-se porque não tinham de lutar para tornar os seus desejos realidade, não faziam nada para alcançar os seus objectivos e já não sabiam como era a sua vida quando não tinham os seus desejos realizados. Então o João disse:
- Para sairmos daqui, se calhar devíamos procurar informações sobre o espelho na biblioteca do avô. – A Joana achou uma excelente ideia. Começaram a procurar e a primeira coisa que encontraram foi um livro sobre espelhos. Passaram a noite toda a lê-lo, mas só depois de o lerem é que repararam que na contracapa estava uma folha rasgada na qual só se percebia a seguinte frase: ” O espelho dos sonhos traz com ele a alegria, mas é um espelho muito…” – A frase estava incompleta e eles ficaram muito chateados e tristes por pensarem que nunca mais regressariam a casa. Na manhã seguinte, quando foram colocar o livro na estante a Joana quase que caía no chão, mas ao apoiar-se numa vela puxou-a para baixo e do quadro que estava na biblioteca abriu-se uma porta. Eles perceberam que era uma passagem secreta e entraram.
Dentro da passagem estava outra biblioteca ainda maior onde haviam mais estantes repletas de livros. A Joana e João começaram a procurar e numa das estantes encontraram um bloco de notas que pertencera ao antigo dono da casa, o Sr. Stronde. No bloco estava escrito outro feitiço também em latim que quando eles iam traduzir… a sua mãe chamou-os:
- Venham jantar! – Gritava ela e eles foram imediatamente, combinando que se iriam encontrar à noite na passagem secreta.
À noite, João esperava ansiosamente a chegada de Joana que tinha ido buscar o dicionário de latim à sua mala da escola. Quando a Joana chegou eles começaram a traduzir e descobriram que o feitiço dizia: “ Quero sair daqui, leva-me do mundo…” – Mais uma frase incompleta, ou melhor, um feitiço incompleto. João e Joana continuaram a ler o bloco:
“O espelho leva-nos a uma dimensão paralela onde todos os nossos desejos são realizados. Depois de todos estarem realizados e as pessoas não terem mais nada para pedir, todos os sonhos se transformarão nos nossos pesadelos mais profundos, por isso quem não saísse a tempo do mundo dos sonhos ficaria preso nele para o resto da vida. “ - Eles não perceberam porque é que aquilo era mau, ficar perto dos nossos desejos era muito melhor que ficar no mundo real. Então continuaram a ler:
“Faças o que fizeres se ficares preso no mundo dos sonhos, o mundo vai transformar-se no mundo dos pesadelos.” – No fundo da folha via-se uma lágrima seca. Foi nesse momento que eles perceberam que as lágrimas no espelho significavam o pesadelo que o Sr. Stronde devia ter vivido ao ficar preso no mesmo. Mas como não tinham certezas, decidiram perguntar à sua mãe como é que o Sr. Stronde tinha morrido. Na manhã seguinte, quando foram tomar o pequeno-almoço, perguntaram à sua mãe como o Sr. Stronde, seu bisavô, tinha morrido. A mãe disse-lhes:
- Sinceramente ninguém sabe. Um dia quando estava na biblioteca, a escrever no seu bloco de notas, um dos seus muitos criados ouviu um grito vindo da biblioteca, mas quando lá chegou já não estava lá ninguém. Ninguém soube o que lhe aconteceu, nem mesmo o criado que até foi suspeito de o ter morto, mas como não encontraram o corpo não o puderam prender.
- O que é que pensas que aconteceu ao teu bisavô? – Perguntou o João.
- Eu acho que ele fugiu. O meu bisavô acreditava que existiam criaturas mágicas com poderes especiais, mas ninguém acreditava nele. O pobre do criado que foi acusado não deve ter tido nada a ver com o assunto. – Joana e João tiveram de ir para a escola, mas não se conseguiam concentrar nas aulas a pensar em tudo o que lhes tinha acontecido nos últimos dias. Na aula de Geografia a professora perguntou à Joana:
- Qual a terra que ninguém conhece, mas onde todos querem estar?
- A terra dos sonhos. – A professora não ficou admirada com a resposta de Joana e perguntou a toda a turma:
- Será que é bom estar na terra dos sonhos? – Toda a turma ficou a pensar. Então a professora pôs outra questão:
- Alguém nesta turma já foi à terra dos sonhos? – Ficaram todos a rir e a professora muito séria disse:
- Eu já fui à terra dos sonhos.
Um dos rapazes da turma da Joana, a rir da professora, perguntou:
- Então onde fica essa terra? É que eu gostava de a ir visitar.
- A terra dos sonhos está no nosso coração. Quando estamos preocupados ou com problemas sonhamos com uma vida melhor. O mundo dos sonhos não se localiza, não se estuda em Geografia mas existe. – Isto fez Joana pensar e quando chegou a casa foi contar ao irmão o que a professora lhe tinha dito, mas o irmão não percebeu a mensagem.
- Não percebes, nós nunca vamos sair do mundo dos sonhos porque nunca lá estivemos. Nós não estamos no mundo dos sonhos estamos apenas a viver a sua ilusão. – Disse a Joana.
- Mesmo assim, como vamos deixar de viver esta ilusão?
- Não sei, mas talvez o feitiço nos possa ajudar. Vamos lê-lo perto do espelho.
- Mas ele está incompleto, vamos ter de o completar primeiro.
- Tens razão. Vamos completá-lo. – Então fizeram num papel as várias possibilidades.
“ Quero sair daqui, leva-me do mundo:
1. Dos sonhos.
2. Da ilusão.
3. Do coração.
4. Da infelicidade.”
Em frente do espelho disseram todas estas possibilidades, mas nenhuma resultou. Desesperados, não sabiam o que fazer e decidiram ir dormir e organizar as ideias.
Na manhã seguinte, o João sai muito cedo do seu quarto e vai para o quarto da irmã. Acorda-a imediatamente e diz-lhe entusiasmado:
- Já sei como sair deste mundo. - A irmã levanta-se logo, mas antes que o João tenha tempo de lhe explicar a sua mãe chama-os para irem tomar o pequeno-almoço. Durante o pequeno-almoço, o telefone toca. A sua mãe vai atender e do outro lado da linha alguém lhe diz que não haviam aulas naquele dia.
- Que estranho – disse ela – não há aulas hoje. – Da janela entra uma baforada de vento que deixa imóvel toda a família, menos a Joana e o João. Quando o João e a sua irmã olham para o lado vêem um espírito e o João pergunta:
- Quem és tu?
- Sou o espírito do espelho.
- O que fazes aqui?
- Vim avisar-vos que daqui a uma hora voltarei e se não souberem como voltar para o mundo real ficarão presos no mundo dos pesadelos para sempre. - Joana desmaiou e o espírito desapareceu. João estava preocupado pois se a irmã não acordasse ele não lhe poderia explicar como podiam voltar para casa.
Faltavam cinco minutos para o espírito chegar e Joana acorda. João de tão feliz que estava queria falar, mas não conseguia. Até que chegou o espírito do espelho que disse:
- Vou escolher um de vós para fazer o que é preciso fazer para voltar para o mundo real. Deixa-me cá ver…tu! – E apontou para a Joana, pondo-a numa casa sem ver o João e disse:
- Faz o que tens a fazer. – Joana pensou em tudo o que tinha descoberto com João e descobriu a maneira.
- Já sei. – E fez o que tinha a fazer, com o coração que era o verdadeiro mundo de sonhos pediu o seu último desejo:
- Eu quero voltar para casa. Eu quero voltar para casa. Eu quero voltar para casa. – E o coração respondeu ao seu pedido, ela e o João voltaram finalmente para casa.
Em casa, a reflectir sobre tudo o que lhes acontecera, chegaram à conclusão que nunca deviam ter mexido no espelho do seu trisavô, não deviam ter ficado iludidos com os seus sonhos e descobriram o mais importante: os nossos desejos estão sempre no nosso coração e conseguimos realizá-los com força, coragem e apoio daqueles que mais gostamos.
Eduardo Cunha – 5ºA
Maria Frade – 5ºA
Cláudia Teixeira – 5º A
Eduardo Félix – 5º C
Caroline Buchacher – 5º D
Ana Ferreira – 5º H
Daniel Lourenço – 5º H
Duarte Godinho – 6º G
Beatriz Natário – 6º G
Inês Pipa – 6º I
Ana Bonito – 6º I
Joana Oliveira – 6º I
Bárbara Casteleiro – 6º I
Ana Raquel Santos – 6º I
Bianca Lobato – 7º D
Micael Dias Ribeiro – 8º E
Monique Morais – 8º F
Sofia Lemos – 9º C
João Lourenço – 9º H
Nádia Filipa Cabral – 10º C
Ana Raquel Machado – 10º D
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